O olhar carrega agora uma densidade que antes não havia, testemunha muda de horrores não compartilhados. O sono se tornou um território instável, permeado por fantasmas de sirenes e confrontos. A mente, um arquivo implacável de cenas que a maioria jamais conceberá.
Ocorrências se encerram em relatórios frios, arquivados em pastas. Mas dentro da mente latejam, revividas em flashes perturbadores. Missões findam com um "câmbio, desligo" no rádio, mas permanecem como cicatrizes invisíveis na memória. Decisões tomadas em frações de segundo, sob pressão extrema, podem ter sido as corretas, mas ainda assim desaguam em processos burocráticos, críticas mordazes ou no silêncio ensurdecedor da incompreensão.
Enquanto a sociedade se atém à superficialidade das manchetes, o policial carrega o fardo pesado do que ficou após a ação. Lida com o trauma, com as sequelas emocionais, com a constante vigilância que se instala na alma.
Exige-se postura impecável, coragem inabalável e um equilíbrio emocional sobre-humano. Mas quem exige, raramente pisou no front de batalha daquela noite escura, jamais sentiu o peso das decisões de vida ou morte.
E, apesar de tudo, ele veste a farda novamente. Sem a retaguarda de aplausos, desprovido de um escudo psicológico eficaz, com a mente saturada de imagens e o coração, paradoxalmente, firme no cumprimento do dever.
Essa é a face oculta da farda, o lado que a maioria não vê, não compreende. Mas quem está na trincheira, quem defende de verdade, conhece essa realidade sombria e, por isso, nutre um profundo respeito.
É por essa resiliência silenciosa, por essa abnegação invisível, que muitos de nós fazemos o que fazemos, da maneira que fazemos. Reconhecemos o peso invisível da farda e honramos aqueles que a vestem com bravura, por dentro e por fora.
Força e Honra Com Deus no Comando Sempre
Texto de Ceoronel PM
Luiz Nakaharada.
Adaptado Por Teóphilo.
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