Nós, Forças de Segurança Brasileiras, e a Sombra dos Desmandos Políticos.
A sociedade enxerga a farda, a insígnia, a viatura. Vê a lei, a ordem, o dever. Mas por trás de cada um desses símbolos, existe um ser humano. Alguém com família, com sonhos, com medos. Alguém que, no exercício da sua função, carrega um fardo que muitas vezes não lhe pertence: o fardo das falhas estruturais, dos desmandos políticos e da corrupção que corroem o país.
Somos, de fato, o último bastião de um sistema que frequentemente nos falha. Quando a saúde não funciona, o saneamento básico é precário, a educação é deficiente e o assistencialismo é usado como ferramenta de manipulação, as consequências recaem sobre os ombros de quem veste a farda. A criminalidade, a violência e o desespero são sintomas de problemas que nascem em gabinetes e em acordos escusos. Mas é na rua que nós, as Forças de Segurança, precisamos lidar com a realidade brutal que esses problemas criam.
Atuamos na linha de frente, absorvendo o choque de uma nação que, em sua base, é frequentemente negligenciada. Combatemos o crime organizado que financia campanhas e corrompe autoridades. Lidamos com a violência que é fruto da miséria e da falta de oportunidades. E somos julgados pela sociedade, que nos cobra a perfeição em um cenário de imperfeição crônica, onde os recursos são escassos, o treinamento é deficiente e o aparelhamento é defasado, resultado de verbas desviadas e prioridades equivocadas.
A sensação de carregar os desmandos dos políticos nas costas é um peso real e diário. É a frustração de prender um criminoso que, em pouco tempo, está de volta às ruas. É o risco de vida em uma operação que poderia ser evitada com políticas públicas eficazes. É a dor de ver a nossa imagem manchada por atitudes de poucos, enquanto a maioria se dedica, com honra e sacrifício, a proteger a população.
Somos o reflexo de um Brasil que precisa, urgentemente, de uma reforma profunda. Não podemos continuar sendo a "solução" para problemas que foram criados e negligenciados por aqueles que deveriam ser os verdadeiros guardiões do bem-estar social. A responsabilidade por um país mais seguro e justo não pode recair apenas sobre quem está na rua, arriscando a vida. Ela precisa ser compartilhada e assumida por toda a sociedade, começando por aqueles que a lideram e a representam.
Reconhecer que somos seres humanos, com as mesmas esperanças e frustrações que qualquer cidadão, é o primeiro passo para uma sociedade mais justa. A valorização das Forças de Segurança passa pelo reconhecimento do nosso papel crucial, mas também pela cobrança de que as raízes da violência sejam combatidas na sua origem, onde as decisões são tomadas e as políticas públicas são definidas. Só assim poderemos, juntos, construir um futuro em que a farda não precise mais carregar um fardo que não é seu.
Força e Honra Com Deus no Comando.
Teóphilo.
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